Background Image
Table of Contents Table of Contents
Previous Page  3 / 12 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 3 / 12 Next Page
Page Background

1

CONFIANÇA NA JUSTIÇA

UMAANÁLISE COMPARATIVA E LONGITUDINAL

Dispomos de diversas estatísticas (número de processos instaurados e arquivados,

condenações, penas atribuídas, prescrições, etc.), que vemos serem frequentemente

usadas para refletir sobre o funcionamento das instituições jurídicas e sobre os atores que

intervêm no sistema judicial. Contudo, a reflexão que tem sido desenvolvida não estará

completa se não conhecermos a opinião dos cidadãos. Confiam os portugueses no seu

sistema jurídico? Como avaliam o seu funcionamento? Serão as suas opiniões muito

diferentes das de cidadãos de outros países europeus? Estas são as perguntas a que o

presente documento de trabalho procura responder.

Recorremos a dados sobre “confiança na justiça” recolhidos no European Social Survey

(ESS nº5: 2010/2011), relativos a 26 países e mais de 50.000 inquiridos.

Começamos por apresentar as perceções sobre a confiança na justiça numa perspetiva

comparativa e longitudinal. Seguidamente, analisamos os fatores associados à

emergência do sentimento de confiança na justiça; finalmente, analisamos as

consequências da confiança no sistema jurídico na perceção de legitimidade das decisões

do sistema jurídico e na satisfação com o funcionamento da democracia.

3

Para o enquadramento dos dados relativos à confiança na justiça, recorremos à

comparação dos dados obtidos em Portugal com aqueles que foram recolhidos nos

restantes países que integram o ESS nº5. Além disso, comparámos a confiança no sistema

jurídico com a confiança em 4 outras instituições (Figura 1). Aos inquiridos era

perguntado: “

Diga-me, por favor, qual a confiança pessoal que tem em cada uma das

instituições a seguir referidas: sistema jurídico; assembleia da república; polícia;

políticos; partidos políticos

Os resultados mostram que a confiança no sistema jurídico é sempre maior do que a

confiança no conjunto das quatro entidades acima referidas. Contudo, do conjunto dos 26

países estudados, apenas 11 apresentam confiança nos respetivos sistemas jurídicos,

sendo que destes apenas 5 (Suíça, Finlândia, Holanda, Noruega e Suécia) parecem

confiar também nas restantes instituições selecionadas. Portugal encontra-se entre os

países cujos cidadãos revelam menor confiança nas instituições, nomeadamente no

sistema jurídico

¹

.

¹

Nesta descrição dos dados, bem como nas que mencionaremos a seguir, a referência a diferenças entre países ou

outras diferenças, baseia-se em análises estatísticas adequadas que nos dispensamos de apresentar.