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De uma forma geral, os resultados revelam alguma

estabilidade nas atitudes face aos imigrantes e à

imigração entre 2002/03 e 2014/15. No entanto,

no conjunto dos países europeus, verifica-se

tendencialmente uma abertura maior à imigração e uma

posição mais positiva perante os imigrantes.

Relativamente à entrada de imigrantes, qualquer que

seja o grupo e, especificamente, no que se refere a

pessoas percebidas como pertencentes a 'etnias

diferentes', a 'países pobres não europeus' e ainda no

caso de imigrantes muçulmanos, encontramos um

padrão consistente: maior abertura por parte da Suécia,

da Noruega e da Alemanha, e maior oposição por parte

da República Checa e da Hungria.

Sabemos que um dos fatores que estrutura a oposição à

imigração é a perceção de que os imigrantes

constituem uma ameaça à economia, à segurança

pessoal e aos valores e à identidade. No conjunto dos

países europeus, verifica-se uma tendência para a

redução da perceção de ameaça no domínio económico

(i.e. a medida em que os imigrantes são vistos como

prejudiciais à economia, ao mercado de trabalho e ao

sistema de benefícios sociais). O mesmo se observa no

que se refere à ameaça à segurança, ou seja, diminui a

perceção de que os imigrantes contribuem para o

aumento da criminalidade. Contudo, esta tendência de

redução não ocorre no que toca à perceção de ameaça

aos valores e à identidade dos países de acolhimento,

subindo mesmo na Áustria, no Reino Unido, na Suíça e

na Irlanda, bem como na Finlândia, na Hungria, na

República Checa e na Polónia.

No que toca à seleção dos imigrantes verifica-se uma

redução da relevância dos critérios etnicistas, resultado

que está de acordo com a tendência para a diminuição

da perceção de que os imigrantes constituem uma

ameaça, pois a importância atribuída àqueles critérios

decorre do facto de os 'não-brancos', os 'não-cristãos'

e os 'que não falam a língua do país de acolhimento'

serem vistos como fonte de ameaça. Note-se, porém,

que a relevância atribuída aos critérios etnicistas está

acima da média europeia na Hungria, na República

Checa e na Polónia, bem como na Irlanda e em

Portugal.

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CONCLUSÕES

A atitude perante o acolhimento de refugiados é, em

2014/15, mais positiva do que o era em 2002/03 e

mais positiva do que a atitude face à receção de

imigrantes em geral. No entanto, a associação

refugiado/imigrante aumentou, indicando que, na

média dos países europeus, os refugiados poderão vir

a ser no futuro objeto de uma avaliação menos

positiva do que o são hoje.

A análise realizada centrou-se na média das

avaliações por país e para o conjunto da Europa. Ora,

este procedimento pode induzir a ideia de que o facto

de as avaliações se centrarem geralmente em torno do

ponto médio das medidas utilizadas signifique uma

homogeneidade de opiniões. Contrariamente a essa

perceção, no conjunto da Europa, verificamos uma

divisão, quer em 2002/03, quer em 2014/15, entre

os que manifestam abertura à imigração (cerca de

59%) e os que manifestam rejeição (cerca de 41%).

Também para Portugal se verifica esta mesma

divisão, sendo que cerca de 56% revelam atitudes

mais favoráveis e cerca de 44% atitudes menos

favoráveis. A divisão encontrada em Portugal e na

média europeia é semelhante à identificada na maioria

dos países. Contudo, há países onde se verifica um

forte consenso (acima de 70%) a favor da imigração,

como a Suécia, a Noruega e a Alemanha, e países

onde se verifica um forte consenso contra a imigração

(acima de 70%), como a Hungria e a República

Checa. Entre estes dois extremos encontra-se a

maioria dos países europeus, mas é precisamente

nestes países que mais facilmente podem ocorrer

mudanças em qualquer dos sentidos, em função de

fenómenos contextuais repentinos ou inesperados.

Uma compreensão mais rigorosa destes processos

requer a análise do impacto das normas sociais, isto é,

de que forma e em que condições essas normas

influenciam as atitudes face aos imigrantes e aos

refugiados. Os dados que aqui apresentámos de uma

forma meramente descritiva, apelam ao teste de

modelos teóricos, numa perspetiva multinível que

incluam, para além das motivações individuais dos

respondentes, os contextos socioestruturais onde as

interações sociais se constroem.

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