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Na Figura 1, podemos ver os valores da média amostral para as respostas a cada pergunta em Portugal,

comparando a importância dada a cada um desses aspetos (a verde) com a avaliação do desempenho da

democracia portuguesa (a vermelho). Os resultados mostram que nem todas estas dimensões são vistas

como tendo a mesma importância. Em particular, as dimensões ligadas ao tratamento equitativo dos

cidadãos pelos tribunais, ao combate à pobreza e à promoção da igualdade são vistas pelos portugueses

como sendo ainda mais importantes para a “Democracia” que outros aspetos mais “convencionais”, tais

como a noção de “eleições livres e justas”. Por outras palavras, os portugueses não têm uma visão

estritamente “procedimental” da Democracia. Pelo contrário, para além de valorizarem fortemente alguns

desses elementos procedimentais (eleições, direitos), eles valorizam também elementos “substantivos”,

sejam os ligados a políticas públicas concretas (nomeadamente as que promovem maior redistribuição de

rendimentos) sejam os ligados a atuações e resultados concretos do funcionamento do sistema político

(governos que “explicam” as suas decisões aos cidadãos e eleições que servem para “castigar maus

governos”).

Quando olhamos para avaliação de desempenho, a vermelho, desde logo constatamos os aspetos em

relação aos quais existe a perceção de grandes “défices democráticos”, ou seja, domínios onde a avaliação

da democracia portuguesa é muito inferior à importância que os portugueses atribuem a esse mesmo

domínio. Não é o caso, por exemplo, no que toca à liberdade dos meios de comunicação social, ao

funcionamento regular das eleições, ao estatuto das oposições ou à existência de discussão política prévia

às eleições. Em contraste, os maiores défices apercebidos situam-se no domínio do funcionamento dos

tribunais, na capacidade dos governos assegurarem justiça social e num sentimento de falta de controlo

popular do poder político (governos que não explicam as suas decisões aos eleitores e insuficientes

mecanismos de democracia direta).

1.1 OS PORTUGUESES

Figura 1

CIDADÃOS: DIMENSÕES DA DEMOCRACIA

(ESS6,

2012/13

)

Importância atribuída e avaliação de desempenho em Portugal (média amostral numa escala de 0 a 10)

5

DIREITOS E LIBERDADES

Tribunais equitativos

Direitos das minorias

Qualidade informação

media

Liberdade dos media

PROCESSO ELEITORAL

Eleições livres e justas

Castigo em eleições

Oposição livre

Alternativas claras

Discussão política

CONTROLO POPULAR

Governo explica decisões

Referendos

Combate à pobreza

Igualdade

JUSTIÇA SOCIAL

Importância

Desempenho

6,2

7,2

4,9

4,5

7,0

3,6

3,7

3,0

2,7

6,7

5,8

3,9

3,0

7,6

8,6

7,9

8,2

8,3

8,5

8,6

8,1

8,4

8,6

8,9

8,8

8,7

0

2

1

3

4

5

6

7

8

9

10